Em meados de 2004, com 15 anos e cursando o 2º ano do ensino médio, eu, Emanuel Sodré, depois de algumas brincadeiras com uma camera digital, tive a ideia de fazer um filme junto dos amigos de escola Susi Sei, Ligia Santos, Mírair Júnior, Paulo Henrique, Elder Luís, Juan Carlo Midiel Carlos, César Augusto, Michel Alves entre outros. Em poucos dias o roteiro estava pronto, a câmera emprestada estava ligada e ação! Bem... Eu descobri que fazer cinema não era tão fácil assim. A empolgação foi diminuindo e o projeto foi esquecido, mesmo com várias cenas já gravadas. Meses depois um trabalho de história despertou em nosso grupo a vontade de apresentá-lo em forma de vídeo. A chama do cinema estava acessa novamente e em agosto de 2005 foi apresentado um documentário sobre o Nazifacismo como resultado desse trabalho. Depois disso todo trabalho com tema interessante era uma desculpa para fazer um filme (com títulos redundantes), e os seguintes foram o épico de guerra “Coréia – um país dividido pela divisão divisora”, os musicais “Anos 80 – Dias inesquecíveis que agente nunca esquece” e “Tropicalismo – A Revolução revolucionária que revolucionou o Brasil” e o documentário ficcional “Umbrella Repórter”. Mas para finalizar com chave de ouro, fizemos o primeiro filme com roteiro livre, sem a obrigação de ser baseado em algum trabalho de escola, e ele se chamava “O Chamado de Ayumi”, um curta de terror feito para a festa de Halloween da escola e até hoje mencionado como o melhor trabalho do grupo naquele período. Em 3 Dezembro de 2005 foi realizado um jantar onde formalmente a empresa Umbrella Produções foi fundada. Após o fim dos estudos poucos continuaram com o desejo de fazer do audiovisual uma profissão. Eu continuei desenvolvendo o trabalho na escola com oficinas de cinema e agreguei mais gente para a equipe como Vinícius Fachinnet e Luíz Augusto. Desse trabalho resultaram mais três curtas, “Canudos – Luta e Liberdade”, ”Mortal Kombat – A Rebelião dos Imortais” e “Resident_Evil_Underline” lançados entre 2006 e 2007 (sem contar tantos outros vídeos que dei apoio durante esse período). Depois disso voltei a trabalhar no primeiro filme que escrevi e que deixamos de lado no ensino médio. Mas eu era um megalomaníaco escrevendo. Um épico de ficção científica com alienígenas, samurais e exorcistas era infilmável com o que agente tinha na época. Mais uma vez engavetei o filme (espero que não definitivamente). Mas foi um período muito bom. Abandonar esse projeto me motivou a crescer como profissional. Estudei muito a linguagem e a técnica cinematográfica e os erros me deixaram pronto para encarar o novo projeto megalomaníaco que viria. Foi então que no ônibus voltando do cinema nasceu a ideia do filme “Piratas do Caraparu”. Mudamos o nome da produtora para Underline e novamente Lígia Santos estava na equipe. Juntos batalhamos no projeto. Fazer cinema não era mais uma brincadeira despretensiosa. Foi quando a realidade deu mais um tapa na nossa cara pra ver se acordávamos desse sonho louco. Escrever projetos, correr atrás de patrocínio, buscar apoio... Cada solução que buscávamos se tornava uma decepção. Foi quando decidimos fazer o filme de forma idependente mesmo. Investimos em equipamentos e em produção. Tudo do nosso próprio bolso e com a ajuda de amigos como Susi Sei e Miraír Junior. De 2007 até agora não deixei de trabalhar nele e só vou deixar quando estiver pronto. Em 2010, conheci Mouse Ribeiro. Um amante do cinema como eu e com a mesma vontade, dedicação e determinação de trabalhar com a sétima arte. Desde então estamos trabalhando juntos e nos aprimorando, buscando fazer do nosso trabalho fonte de referência e contribuir para o desenvolvimento cultural e intelectual de nossa cidade. E o resultado dessa parceria já pode ser visto nos Curtas “O Homem de Ferro Izabelense” e em “Promessa Cumprida” (exibido na Tv Cultura pelo programa “Curta Cultura” e representante do cinema izabelense em vários estados através do "Mostra Pará de Cinema"). Após organizar o movimento de cinema izabelense realizamos o “I Festival de Cinema de Santa Izabel do Pará”, em junho de 2011, com a parceria do Instituto de Artes do Pará, com a ajuda de amigos que já fazem parte da história do cinema em nossa cidade, como Edmar Souza, e com o objetivo principal de agregar os realizadores de audioviual da nossa cidade para que juntos possamos nos ajudar crescendo profissionalmente e divulgando nosso trabalho para todos. No início de 2012 o movimento inaugurou o Cine Clube Palace e desde então toda semana se reúne em sessões abertas ao público para assistir e debater sobre os mais variados filmes, também realizando sessões infantis e sessões itinerantes em comunidades distantes do centro. Trabalho que chamou a atenção da Tv Cultura para conhecer nosso movimento de cinema. Em julho de 2012 mais cineastas se uniram ao movimento e tiveram a oportunidade de mostram o quanto são promissores no “II Festival de Cinema de Santa Izabel do Pará”, onde foram exibidos filmes como, Criança Não Mente, de Jorge Soares, O Exterminador sem Futuro, de Mariana Lisboa e “Um Parto na Selva”, de Edilson Veterano, além de filmes escritos e dirigidos por crianças, como “Deusa do Fogo e seus amigos VS. Vilões à Solta!”, de Renan Ribeiro de apenas 11 anos. Também foi exibido o curta “O Cara de Pano”, produzido pela Underline_Studios e escolhido pelo público como melhor curta do festival. No final de Agosto, nosso movimento recebe a visita de Adriano Barrosos, cineasta paraense que se interessou pelo trabalho feito aqui em nossa cidade no meio audiovisual. Vários filmes já estão em produção para serem exibidos no III Festival de Cinema, como “Jogos de Caça” e “Magia Sanguínea”, da Jorge Soares Produções e o Documentário aprovado pela Lei Semear de incentivo a cultura “Cine Palace” produzido pela Underline_Studios, que contará a história do antigo cinema de rua da cidade de Santa Izabel, importantíssimo para a nossa cultura. Bem, por enquanto é só, mas prometo que essa história terá muitas linhas a mais. Sei que trabalhando sozinho nunca poderia ter essa história toda para contar pra vocês, por isso respeito e dou os créditos a todos que fazem parte desse movimento.
Se quiserem conferir alguns desses filmes é só acessarem
o blog http://cinemaizabelense.blogspot.com
Essa é a entrevista feita pelo programa Curta Cultura, da TV
Cultura, com o nosso movimento de cinema.
